Aposto que você também aproveitaria para brincar muito, ser feliz sem preocupações e curtir a companhia de quem, hoje, já não está mais aqui…
Essa era exatamente a ideia do protagonista de Quando eu voltar a ser criança, de Janusz Korczak. Mas nem tudo aconteceu como ele saudosamente se lembrava. E o motivo é claro: as crianças não são respeitadas como indivíduos. Não eram em 1926, quando o livro foi publicado, e não são hoje.
Ao longo de cinco capítulos, acompanhamos o protagonista de volta ao corpo e aos desafios de uma criança: ir à escola, fazer as tarefas, lidar com a rotina doméstica como filho e irmão mais velho. Só que, desta vez, ele conserva suas memórias de adulto e percebe algo doloroso: o quanto os mais velhos podem ser injustos e até cruéis com os pequenos. Mesmo os professores aqueles que deveriam entender a infância melhor do que ninguém, como ele próprio fora antes de voltar a ser criança. É como se, ao crescer, o adulto esquecesse que já foi criança, ignorando que essas vivências podem deixar marcas para a vida inteira.
Quando eu voltar a ser criança é um livro melancólico e sensível sobre memória e a idealização do passado. Mostra o contraste entre a ideia de que “o passado era melhor” e o pouco caso com as crianças (e aqui incluo também os adolescentes) do presente. Não espere um livro de afagos. O final é triste (eu saí da leitura um pouco triste), mas necessário. É o choque de realidade que precisamos para repensar nossos comportamentos e, quem sabe, fazer diferente.
Sobre o Autor
Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, foi pediatra, pedagogo, jornalista, escritor e ativista polonês e dedicou a vida à causa das infâncias. Nasceu em Varsóvia, em 1878, no seio de uma próspera família judaica. Formou‑se em Medicina pela Universidade de Varsóvia e se notabilizou por seu trabalho de atendimento a crianças carentes e órfãs. Fundou o orfanato Dom Sierot, onde colocou em prática sua visão revolucionária de uma educação baseada na democracia, na autogestão e no direito das crianças à liberdade e a uma vida digna. Escreveu muitos livros, dentre os quais se destacam Quando eu voltar a ser criança, de 1926, e O direito da criança ao respeito, de 1929. Durante a ocupação nazista na Polônia, seu orfanato funcionou dentro do gueto de Varsóvia e abrigou cerca de 200 crianças judias. Morreu em 1942, assassinado junto com elas, no campo de extermínio de Treblinka.
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